Meu corpo adoece, expele fetos
e multiplica as dores dos meus partos inexistentes,
sobre a cama ainda há o sangue sagrado de Abel,
e eu adormeço, embora nua e dispersa.
Acordo e os cães não me esperam mais na porta,
não lambem nem fazem estancar o sangue das minhas velhas feridas.
É madrugada em mim,
espero pacientemente o gozo das manhãs.
A vida é redundante.
sábado, 14 de fevereiro de 2009
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19 comentários:
Os versos formam imagens complexas, imortais, tão particulares e ao mesmo tempo tão coletivas.
Obrigado pela visita lá no Gergelim. Vou acompanhar mais de perto teus escritos.
Abraço.
Marcia, poema que pesa plúmbeo...
Então, só nos resta, apesar de ser para todo sempre eterno retorno, a manhã gozosa?
Está de bom tamanho.
Beijo.
Márcia, poderoso poema, tem sido assim,os dias sempre iguais, todos,inclusive o amanhã...Beijo.
Amei! Que poema forte, belo, necessário, intenso! Ainda bem que você espera, eu, nem sempre. Bj.
Poema que nos dá imagens muito reais e crueis, porque as palavras por ti escolhidos me fazem despertar esse sentimento.
Escolhes cada palavra, cada frase, que nos transmitem mensagens e imagens reais.
Beijihos
a vida é redundante... mas prefiro outras figuras de linguagem.
Olá Marcia,
Sobeja da vida o que falta em alvoradas…
A claridade ergue-se da aurora dispersa no dia que desponta… adormecimento das asas…
Em silêncio vago saturado o dia sobe como balão e rebenta com as ondas do ocaso,
cai…
levanta-se de novo todas as madrugadas…
Beijinhos das nuvens
Um dia, o corpo há-de parir uma claridade diferente, um sangue de mel, sem nome.
Há-de parir o verso desta frente de espasmo e espera.
Há-de.
Um beijo já de regresso.
o vazio quebra o proprio vazio e imanente suspira esperas.
um texto sem medo de afirmar:
não sou feliz,m mas não aceito a derrota.
Começo pedindo desculpas pelo meu desaparecimento repentino. Tornou-se demasiadamente ardua a tarefa de conciliar trabalho, faculdade e tempo para o meu e o vosso blog. Mas pelo que vi, tu nao deixaste de lado nem um dos dois. Agradeço a sempre presente palavra que vem da tua pessoa.
A doença de nossos corpos é tao redundante quanto a propria existencia. A cada passo, a cada trago, a cada pensar uma nova ferida se abre e uma anterior se aprofunda em nossa carne, lacerada pelo tempo. Caes e deuses nos abandonam a cada dia, e nosso sangue continua a correr, nos fazendo sentir a vida que nos impregna. Seria engraçado, se nao fosse triste.
A vida é um sopro meu amor. Encha os pulmoes.
Beijos cheios de saudade.
Esta forma de vida constante atraves dos fetos expelidos é a inquietude no desdobramento dos sonhos.
E os cães espertos na sua irracionalidade não dão voltas pelo passado, sacodem o rabo todos os dias pelas manhãs pq nas madrugadas, descansaram.
Abraço!!
o fechamento é perfeito , a vi é mesmo reduntande ainda que a smanhãs nem smepre gozem...
acabei de postar um texto no bragas e poesia e ofereci a você, a daniel e a luciano fraga
...e voce
sempre disposta
a bater de frente
com a escuridão
de lanterna acesa...
bj
As velhas feridas reabrem a cada parto.... O sangue é a vida que madruga no prazer...
Blood Kisses
Marcinha,
tudo bem?
Passo e te deixo um beijo.
Sambando??? :))
Oi Marcia, tudo bem?
Encontrei seu blog muito por acaso. Enquanto procurava uma imagem de Klimt, o google me trouxe até aqui. E que sorte a minha!
Sei que soa redundante mas seus textos são de uma poesia incrível. Passei mal com o "mosaico de rancores", em especial com o capítulo 30.
Parabéns, viu?
Gostei tanto que vou até acompanhar seu blog pra ficar por dentro das atualizações :)
Beijos.
como diria meu amigo d. luchiano:
"a vida é uma questão de tempo".
muito bom.
bj
Como sempre, você usa bem as metáforas. Fez um belo poema: forte, expressivo e sensível.
Um beijo, menina bonita.
William
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