Um anjo caído. Agora era assim que eu me referia a você. O chão sempre foi meu lugar de destaque, mas agora era seu. A vida é de uma comicidade única. Pão e circo todos os dias.Você que jamais precisou de mim, tão seguro de si, absoluto, agora estava ali, a um palmo das minhas minúsculas mãos. Manso e arredio com um homem castrado. Sem poder se movimentar, implorando auxilio de uma doida, de alguém que nunca enxergou a verdade estampada, óbvia, nua, crua e de mau gosto. Sou sua roupa mais incomoda, seu traje de domingo. Mofado. Pode se debater, porém não mudará a ordem perversa das coisas. Escorpiões devidamente verdes percorrem seu sexo e você não é capaz de removê-los. Ainda estou tentando entender como você pode cair do terceiro degrau da escada. Na certa a sua pretensão não pode usar o corrimão. Agora quem me contará cada detalhe idiota dos dias? Cada mudança de nuance de um céu que é sempre cinza? Pipas e balões em dias nublados. O tempo é um espelho enrugado, partido e oxidado. Não tente me provar o contrário com teorias baratas. A tristeza é ausência absoluta de cor. E meus olhos são de um branco leitoso e fosco. E dizem que o branco é o resultado de todas as cores juntas. Não na incongruência homicida dos meus olhos.
domingo, 4 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
11 comentários:
Márcia
lindo texto
...o branco e a ausnecia de cor, a tristeza..gostei dessa metáfora.
Sempre que leio seus textos vem uma sensação do inusitado, embora as emoções sejam iguais. Susa palvras sõ sempre bem colocadas e a gente vai formando as imagens aos poucos . Muito incrível seu texto. Forte, intenso, triste, poético, apaixonante. beijo.
Márcia, você estacionou no belo e, como diz a Godoy, no inusitado. Lugares de onde não vai sair nunca!
Eu gosto!
Beijo!
além do ´´gostei ou não´´: da ordem do insondável, textos que captam o impessoal: o devir do vento que vai além da fugaz perenitude: necessário por descoberto, desvelado, raro olhar .... admiro tua obra, Marcia... me faz lançar ponte : interlocução de ilhas.... façamos continente...beijo,
FLÁVIO VIEGAS AMOREIRA
Márcia, cada dia mais cortante e visceral a sua escrita, "olhos homicidas", que imagem fabulosa, os olhos fulminam mesmo, é uma arma letal e você imortalizou poeticamente,comno não ser fã? parabéns, abração.
M+arcia beijinho e bom fim semana
não li teu texto .... é demais belo...
,,,
volto amanhã para ler
1nfinito beijinho
"a vida é de uma comicidade única"
e nós somos as marionettes.
o meu branco = vazio.
bj
Marcinha,
sempre a força dos seus textos, o lado de lá do cor de rosa.
O visceral e o profundo, os animais que nos corroem, os olhos que nos matam. Punhais na desordem do absoluto. O lado de lá de todos os rosas de todas as esperanças.
Abraço grande.
Lindo... e muito louco!!!!!
Pão e sumo de letras, versos e in versos de um olhar infinito
o belo do seu texto
um beijo
"...O tempo é um espelho enrugado, partido e oxidado. Não tente me provar o contrário com teorias baratas ..." ... isso me lembra a teoria da relatividade geral, principalmente o ".. enrugado, partido e oxidado ..." ...completaria dizendo ... partido e enrugado pela massa, pela gravidade ... Bjs
Postar um comentário