quarta-feira, 7 de abril de 2010

Mosaico de Rancores: capítulo 42


Tenho você dentro do meu corpo, dividindo-me ao meio. Kama sutra. Tê-lo comigo não impede que uma legião invada nossos lençóis. O amor é traiçoeiro e traz restos de outras carnes, gosto de outras almas, salivas espessas de outras bocas, cascos galopantes de outras mãos. Rastros de lesmas. Perversos mosaicos. Decúbito ventral. Minhas costelas doem, contorcem-se e me pergunto de que homem fui subtraída - numa intenção tola de ser multiplicada. O amor é um salto mortal, um tripé pronto para estripar. Um ódio ralo e verde percorre minha espinha. Mantenho-me viva, alimentando as suas sanguessugas. Simbioses??????? Lúcido. Os olhos negros das fechaduras me vigiam. Retiro os pontos dos cortes dos últimos dias. Nenhum crepúsculo me salvou desse translúcido oscilante, oco e homicida, que desmonta vértebras, rompe vísceras, como num quadro alucinado de Grünewald. Meus seios te observam, enquanto um rio branco surge de seu púbis. O mar de ressaca despenca sobre nossos corpos exaustos. Lírios da paz.

14 comentários:

Luciano disse...

Lindo mosaico esse. A criar mil imagens de uma só vez.
Adorei, Marcia.

naomi disse...

inspiradíssimo...

Anônimo disse...

Como sempre, uma bela poesia em prosa.

Um beijo, menina!

Anônimo disse...

Olha, Márcia, escrevo poesia há muito mais tempo que contos, crônicas ou romance, e meu texto em verso é sempre mais melancólicos que minha prosa, visto que de melancolia e "tragicidade" minha prosa não tem quase nada.

Um beijo!

PS: Não se preocupe em não fazer comentários, eu também tenho pouquíssimo tempo pra isso e, portanto, faço pouco.

Furlan disse...

Terminei taquicárdico. Meu diafragma está perto da hipófise. Mitoses e meioses se confundem em meu organismo. Sem palavras. Você quer é me matar do coração.
Abraço de duas asas trêmulas.

Luciano Fraga disse...

Márcia amiga, uma fusão de simbioses, mutualismo e parasitismo, uma relação cruelmente poetico/biológica,grandioso! Beijo terno.

Germano Viana Xavier disse...

Bom voltar aqui com tua volta, Márcia.

Continuemos...

Braga e Poesia disse...

a relação entre as pessoa e as coisas nutrida em outras relações uma rede de passados e presentes que um dia serã passado. marcia um texto mais que poetico antes filosofico.
adorei

lisa disse...

perfeito isso:
"amor é traiçoeiro e traz restos de outras carnes, gosto de outras almas, salivas espessas de outras bocas, cascos galopantes de outras mãos."

não há amor que não venha com legiões

Adriana Godoy disse...

Márcia, muito bom encontrar novamente um texto seu. Intenso, inspirado, bonito, forte. beijo.

André Freitas disse...

Márcia,

desde que conheci seu trabalho no site O Bule, venho toda hora aqui ver seu trabalho.
Estou gostando bastante.
Se não se importar, vou colocar um link no meu blog.

Um grande abraço.
André

Anônimo disse...

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Assis de Mello disse...

Sempre venho aqui em nome da paz. Mas você insiste em derrubar meu queixo...
Ainda bem.
;-)
Bjão do Chico !!!

Felicidade Clandestina disse...

gosto das sutis sensualidades do seus escritos.

quanto tempo dona moça! um beijo.