segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Sutura
As dobras e redobras de um corpo sem órgão:
lindo bebê deformado,
do nascimento só me sobrou a viscosidade da placenta
a linha-curvatura-do-fora-cartografia-escalas-estrias
de uma catástrofe cotidiana - memória palato fendido
no retrovisor sua imagem é uma abstração que não pode ser codificada
a subjetivação sem sujeito
nasci assim, órfão, despencado da cloaca de Deus
nos templos o homem exibe nuas cabeças decepadas
o pódium é o lugar da não-ocupação
e eu sou um homem de corpo coalhado.
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10 comentários:
O tempo-Shiva, O tempo-Cronos. Desejar vitória e um lugar no pódio é como uma dose de Soma para aliviar as dores do nosso Admirável Mundo Novo.
De todos os poemas seus que li, este é o que mais me bateu.
As vezes tenho a sensação que nasci com algo ausente... Teu poema floresceu meu trauma. rs
Poema máquina de guerra - a poeta também.
Somos todos ovos sem uma clara gema fritada/cozinhada
:p
Wagner
Simplesmente (ou complexamente por profundo) maravilhosos seus escritos. Novo leitor seu, sou.
Simplesmente (ou complexamente por profundo) maravilhosos seus escritos. Novo leitor seu, sou.
Absolutamente maravilhosa a sua escrita. Sou seu novo (mesmo velho) leitor.
Que seja vazio para o preenchimento ao seu arbítrio.
Que seja órfão para não carregar o peso de uma história decadente.
Que seja partido, fendido; que irrompa das cinzas, não renovado, mas um novo ser.
Márcia, teus textos são sublimes, mas preciso sempre de um (bommm) tempo para degluti-los... eles têm o poder de rasgar tudo que já vi para compreender o que havia sob a minha própria pele.
Abraços. Daniel
http://dagarpower.blogspot.com
Maravilha, Márcia! onde eu estive que ñ passei por aqui antes? rsrs
márcia,
como sempre seus escritos estão à flor da pele.
belo.
um abraço,
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